As viagens à trabalho ou o viajar trabalhando já que agora é um ofício, ser comissária, me permite pequenas delicadezas, dessas infinitas, como por exemplo achar um exemplar de um livro cujo o filme marcou a minha infância. Numa mesa ao lado de fora de uma grande rede de supermercados na Inglaterra, com uma sugestão de troca ou uma libra para ajudar na iniciativa. Me senti culpada em dar apenas 1 pound, retirei todas moedas possíveis do envelope e coloquei na caixinha com a abertura que lembra um sorriso, o sentimento nem deve ter chegado aos pés da ' Felicidade Clandestina' mas para mim foi como uma recompensa por levar e trazer passageiros para as suas próprias histórias ou trajetórias de vida, para os seus destinos. Me senti importante, qual inocência a minha.
O retorno sempre mais cansativo, ainda mais quando são voos madrugada à dentro, consegui derrubar uma bandeja com champagne na cabeça de um menino, confesso que não tive culpa, ele quem levantou no momento em que eu apoiava a bandeja sobre o assento. A mãe me fuzila com o olhar e destrói a minha vontade escancarada em gargalhar, o fiz, mas já longe ao buscar as toalhas para secar o menino que precisou trocar a blusa e ouvir minhas mil desculpas. Acho que ele sentiu que gargalhei em suas costas mas não dele, da situação , só que ele não pôde compartilhar , o olhar da mãe o fuzilaria também, afinal paga-se caro por um ticket na classe executiva. Ainda tenho o livro, intacto, parece nunca lido ou um leitor " polianistico" que cuidava muito bem das folhas que levam letras.
Ah, pequenas delicadezas. ..