segunda-feira, 28 de março de 2016

A bolsa

 Se eu disser, que carrego uma bolsa, dentro dela existe um medo enorme de ser rejeitada, não desejada, medo de repetir erros. Existe uma insegurança com relação ao bonita o suficiente, se o peito é pequeno, se a bunda tem celulite, se não comer carne seria um problema, se gostar de assistir snoop e Charlie Brown pelas manhãs me torna infantil, se sou bem sucedida. Nessa bolsa têm experiências e uma vontade de continuar de onde parei. Mas agora a pessoa é diferente e eu não sei o que ela traz na bolsa que carrega e na minha insegurança e ansiedade , nem se ela gostaria de me mostrar. E apesar de saber que posso colocar os pés pelas mãos e ser interpretada como louca ( adoro investigar a simbologia das palavras) , ser sincera com o que se passa no âmbito das emoções e pensamentos me livra de achismos ou me dá o alívio de me despir, o calor da água, ainda não sei. 

Dos dias em que me pego e me viro do avesso, me mostro como sou e depois me desconstruo, me releio e me descubro, novas ideias e processos de autoconhecimento. 
Descobri que preciso escrever, não para que alguém leia mas para que a releitura de mim mesma faça com que eu me perceba , assim, frágil, humana. E da humanidade em mim, das filosofias de vida que sigo e questiono e então  deixo de seguir por uma visão às vezes mais suave e amorosa,  eu me curo. E penso na Clarice Lispector e tenho uma inveja de como as palavras se dispunham e penso no Tchecov e sua sutileza em descrever as relações humanas .
Pronto, o jeito é ler e quem sabe esvaziar essa bolsa de medos e inseguranças,  acho que vou colocar luz nessa bolsa ou transformá - la na bolsa da "Marry Poppins", e de dentro retiro o que preciso no momento, sei que vai continuar a sair  " tranqueira",  mas uma hora sai um disco de vinil do meu pai ou uma bênção da minha mãe, um xingamento da minha irmã mais nova ou um tricô e conselho da mais velha e saio dançar com a bolsa à tira-colo. 


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