sexta-feira, 16 de dezembro de 2011
De uma outra experiência
terça-feira, 1 de novembro de 2011
Do meu amor
de ir e ter
espero.
Nem mesmo sei o quê
supondo o outro estar pronto a fazer
aquilo que me é essencial por direito
de se ser
feliz o trajeto.
Engata-se a primeira e deslancha
entre subidas e descidas
a reta.
O vento que movimenta as folhas ao lado
por certo, sou eu
correndo para os seus braços
espero.
(De um dia qual, percebo o amor...)
Ce
domingo, 28 de agosto de 2011
De outro filme

Gastei uma hora pensando em um verso
que a pena não quer escrever.
No entanto ele está cá dentro
inquieto, vivo.
Ele está cá dentro
e não quer sair.
Mas a poesia deste momento
inunda minha vida inteira.
Carlos Drummond de Andrade
Peter Greenaway, diretor inglês que explora a arte em perspectivas bastante sofisticadas, em “Cinema: 105 anos de texto ilustrado”, critica a maneira como o cinema se construiu e como se popularizou privilegiando o enredo, quando este núcleo se prende mais à narrativa do que ao filme, já que possui outros recursos para se constituir. E a arte, como alta expressão do humano e seus adjetivos, deve se apropriar dos instrumentos que possui para atingir de forma mais efetiva o próprio ser humano que a ela tem acesso.
A Árvore da Vida, de Terrence Malick, é um filme que apresenta uma consciência muito ampla do diretor sobre o que é a perfectibilidade possível no cinema e também sobre o que é o instrumento que o cinema possui e que o diverge da escrita, da narrativa, do romance. A Árvore da Vida é um filme poético. O poema escrito se utiliza da palavra como instrumento para construir poesia, algo que não se pode definir sem metáforas que exemplifiquem sensações experimentadas pelo homem e que possam ser transferidas. A poesia de Malick é construída a partir da utilização da imagem recheada de metáforas como instrumento. É um filme maduro, que exige conhecimento prévio do espectador. Da vida e de si, a preencher as lacunas evidentes no enredo inexistente, posto que é comum a todas as vidas humanas, de uma maneira ou de outra.
Apesar de a utilização de recursos distintos dos que são habituais restringir um pouco a compreensão do filme, este não poderia apresentar tamanha profundidade sem a fuga do lugar comum a que estamos acostumados. Como se apresenta a figura de Deus sem apresentar o parco conhecimento que pudemos obter sobre o mundo em alguns poucos milênios de civilização humana? Como se apresenta a inquietação do homem perante tudo o que este desconhece sem mostrar-lhe o que sabe que existe e, ainda assim, não domina? Como se apresenta a influência do Cristianismo e suas tentativas de doutrinar sem apresentar a repressão e as falhas humanas resultantes disso? Como se representa a dor sem associá-la a um vulcão em chamas ou às ondas que se revolvem no fundo do oceano? Como se representa o amor sem o silêncio?
As metáforas que recheiam o filme são todas construídas a partir da maneira como culturalmente fomos criados. Apesar das diferenças de geração que são mostradas e das divergências que a educação de hoje apresenta em relação àquela do filme, o resultado é perfeitamente perceptível: um homem profissionalmente bem sucedido com uma vida vazia, ausente do perdão e do afeto, o qual foi incapaz de perceber por se ligar justamente às palavras e não aos atos da figura paterna, forte e autoritária. As atitudes de Jack apresentam um garoto sempre em conflito entre o “certo” e o “errado” e o desafio de seguir as ordens do pai e vivenciar o carinho da mãe e dos irmãos.
O mágico do filme é que as imagens conseguem ser produzidas sem a imposição de julgamentos, a não ser os do próprio espectador, que reconhece e identifica fatos e situações certamente também vivenciados por si. O foco narrativo sem foco, sempre tremendo, cambaleante, e ausente de um ponto fixo de observação, transfere para o espectador o incômodo do personagem que rememora sua infância e o momento de maior dor pela qual a família passou e como isso repercutiu na sua vida futura. A postura representada pelos papeis familiares contextualizam uma época e toda uma geração sem explicar os motivos que a levaram a determinados resultados, mas oferecendo um retorno físico e concreto à experiência de beleza que o cotidiano nos proporciona e para a qual já estamos cegos.
quarta-feira, 13 de abril de 2011
Do outono...
Os dons do dia (O livro de Zenóbia, Maria Esther Maciel)
segunda-feira, 28 de março de 2011
Do frio da chuva

domingo, 13 de março de 2011
quinta-feira, 10 de março de 2011
De um filme
No entanto, desde cedo situações de embrutecimento da alma nos são apresentadas como alimento a ser ingerido sem opção de recusa. Em nome de pertencer adequadamente a uma determinada sociedade e a determinados padrões, quebra-se dentro de nós aquilo que nos é mais nobre e mais belo, quebra-se aquilo que constitui nossa própria individualidade, aquilo que faz de nós uma nota única ressonante dentro de uma harmonia produzida por diversos instrumentos. Vale lembrar que a harmonia, essa, musical - e creio que as outras também... - não se constitui de um só som, mas do entrelaçamento de acordes diferentes e da maneira como se combinam. O que se distingue em uma melodia geralmente é o ápice da obra. O que é comum ou igual costuma ser visto como inferior ou como ausência de originalidade. Veja Wagner ou Stravinsky.
Não é uma questão de buscar a diferença a todo custo com o mero objetivo de angariar alguma notoriedade, mas sim de aceitar o que não é "si mesmo", mas sim de ampliar a moldura do quadro que representa a própria vida. Em "Taare Zameen Par" pode-se ver uma tentativa de demonstração de até que ponto chega a ignorância humana quando imersa em conflitos criados pela estrutura que criou para si. Quando a simplicidade se perde não é possível enxergar as coisas como são, mas só como seriam dentro do emaranhado de pensamentos e preconceitos no qual nos enredamos, a saber, de hábitos, costumes e ideias já preestabelecidos.
O filme, no entanto, consegue transmitir de maneira singela a possibilidade de se resgatar o que é simples e transformá-lo em paz e arte. O que não quer dizer omissão dos fatos e nem dos questionamentos que imposições nos trazem. É o papel que nos cabe, a nós, consciências ainda vivas.
domingo, 27 de fevereiro de 2011
De uma experiência
segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011
De um achado

sábado, 8 de janeiro de 2011
I do, I do!
Se está em um ambiente turbulento, onde ninguém ouve ninguém e a briga de egos permanece em disputa, declame um poema. Ele direciona a atenção.
Se está em um momento distraído, no qual não se está centrado em outra coisa que não seja os próprios problemas, veja um malabarista lançar bolas para o alto. O foco será triplicado, ou quintuplicado. Quantas bolas eram mesmo?
Se está com uma opinião muito fixa, a qual se julga ser a certa, leia um livro. Os bons são capazes de mudar o que se pensa sem agredir ou impor. A apresentação de novos fatos irá de encontro aos antigos e a mudança pode se fazer e ampliar as possibilidades não só do pensar, como do próprio viver.
Se está com um ruído por dentro, que não cessa, ouça uma música. Os sons transferem-se aos poros e transformam o barulho em harmonia. Ela organiza as células.
Se está com o corpo rígido, de músculos atrofiados pela nossa forma atual de viver, dance. Os movimentos expandem nossa noção de espaço e é quase possível atingir o céu. O sangue se revigora e o coração responde.
Se está com sentimentalismo exacerbado, de chorar com último capítulo de novela, assista a um filme duro. Ele equilibra a emoção sem quebrar a sensibilidade. Racionalismo em excesso também se encolhe a partir do mesmo processo.
Se está com descrença generalizada, de si mesmo ao mundo todo, vá a um show de mágica. Em especial com uma criança. Se a racionalidade questionar a magia desse instante chamando-a de mero truque, o olhar infantil será capaz de mostrar o encantamento sobre aquilo que não se compreende.
Se está com a vida estática e rotineira, assista a uma peça de teatro. Os ensaios repetitivos não ofuscam o brilho do espetáculo único ao espectador.
Do you believe in fairies?